Juliana Cristina Teixeira: (Programa de Pós-Graduação em Administração – PPGAdm / UFES - Universidade Federal do Espírito Santo)
RENATA ALVAREZ ROSSI: (Núcleo de Pós-Grad em Admin – NPGA / UFBA - Universidade Federal da Bahia) - (Programa de Desenvolvimento e Gestão Social - PDGS / UFBA - Universidade Federal da Bahia)
Fabio Bittencourt Meira: (Prog de Pós-Grad em Admin/Esc de Admin – PPGA/EA / UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
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Lattes: http://lattes.cnpq.br/0555523196295968
Professor do CEPEAD/UFMG.
Fernando Ressetti Pinheiro Marques Vianna: (Prog de Pós-Grad em Admin/Curso de Mestr Acadêmico em Admin/PPGA / UTFPR - Universidade Tecnológica Federal do Paraná)
Rafael Alcadipani da Silveira: (Mestrado e Doutorado em Administração de Empresas - FGV/EAESP / FGV/EAESP - Fundação Getulio Vargas - Escola de Administração de Empresas de São Paulo)
CINTIA RODRIGUES DE OLIVEIRA: (Programa de Pós-Graduação em Administração - PPGAdm / UFU - Universidade Federal de Uberlândia)
As inovações tecnológicas produzem uma nova ordem econômica e social baseada em práticas veladas de extração, predição e vendas de dados. Tal fenômeno permite a maximização do lucro das organizações e potencializa a expropriação de direitos e de captura das experiências humanas, resultando em um discurso de solucionismo neutro tecnológico, indispensável para o crescimento e a produtividade das organizações. Essa racionalidade tecnológica tem permitido a reconfiguração das organizacionais, bem como o controle das ações e disputa de poder por meio de aplicativos de serviços, mídias sociais e gestão algorítmica.
Esse fenômeno acentua a (re)produção de desigualdade, exclusão e discriminação social, além de legitimar grupos, organizações e práticas inadequadas (como o cybercrime, a disseminação de fake news e crimes corporativos). Problematizar a ética das tecnologias digitais, expondo suas predisposições para (re)produzir privilégios e manter lógicas hegemônicas, é uma agenda necessária que contribui para a discussão de discriminação de gênero, raça, entre outras questões sociais importantes.
A chamada pretende reunir abordagens e métodos plurais, instigando o desenvolvimento de pesquisas sobre o mundo digitalizado e os estudos organizacionais, focando nas assimetrias de poder entre usuários, trabalhadores, plataformas digitais, tal como, o papel do Estado na mediação e controle dessas relações.
Para isso, são propostas sete temáticas principais:
1) Capitalismo de vigilância, colonialismo de dados, cultura de vigilância e gestão por algoritmo;
2) Meaningful work e o significado dos trabalhos digitalizados;
3) Digitalização como ferramenta de desigualdade, exclusão e discriminação;
4) Poder e tecnorresistência;
5) Mídias Sociais e identidade;
6) Inteligência Artificial e suas repercussões nas organizações como meios de opressão e formas de resistência;
7) Plataformas digitais como espaços de disputas organizacionais, disseminação de fake news, e outras práticas que visam prejudicar reputações e legitimar práticas inadequadas;
8) Plataformização da sociedade e a reorganização de práticas e construções simbólicas culturais.
Plataformas digitais; Gestão por algoritmos; Capitalismo de vigilância; Desigualdade digital; Colonialismo de dados
Renê Birochi: (Programa de Pós-Graduação em Administração – PPGAdm / UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina)
NEI ANTONIO NUNES: (Prog de Pós-Grad em Admin/Curso de Mestr em Admin – PPGA/CMA / UNISUL - Universidade do Sul de Santa Catarina)
Igor Baptista de Oliveira Medeiros: (Programa de Pós-Graduação em Administração/PPGA / UNIPAMPA - Universidade Federal do Pampa) - (Prog de Pós-Grad em Admin/Esc de Admin – PPGA/EA / UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Estudar sobre a constituição do sujeito a partir de relações de poder-saber engendradas nas organizações e nas relações sociais e laborais tem inquietado a diversos pesquisadores dos Estudos Organizacionais (EO) ao longo dos anos. Abarcando pensadores consagrados como Michel Foucault, Gilles Deleuze, Félix Guattari, Bruno Latour, Giorgio Agamben, Suely Rolnik, Peter Pal Pelbart, as teorizações sobre relações de poder, práticas discursivas e processos de subjetivação já têm um caminho constituído e algumas contribuições relevantes, mas ainda merecem ser mais discutidas e problematizadas pelos pesquisadores de EO.
Foucault, Deleuze e Guattari tratam da subjetividade a partir da problematização, questionando aquilo que é dado, o que possibilitou a formação de uma epistemologia, o pós-estruturalismo, que tem inspiração filosófica em Friedrich Nietzsche. Assim, este tema tem como objetivo reunir pesquisadores interessados no pós-estruturalismo nos EO, promovendo o diálogo sobre as contribuições possíveis acerca da produção de subjetividades nas relações laborais, organizacionais e sociais. Acadêmicos que buscam explorar outras formas de produção de conhecimento, assim como novos movimentos do pensar trazendo outros modos de fazer crítica nos EO, são especialmente bem-vindos.
Ademais, outras abordagens e autores que estabeleçam interfaces com o pós-estruturalismo são bem-vindos, enriquecendo as discussões e ampliando as perspectivas sobre o tema. Considerando essas questões, encorajamos trabalhos que abordem as seguintes temáticas, mas não apenas:
- Constituição do sujeito em organização: produção de subjetividade no trabalho;
- Analítica do corpo e do poder: biopolítica e biopoder;
- Política dos afetos, ética de si e amizade em organizações;
- A noção de prática em estudos pós-estruturalistas;
- Teoria queer, gênero e sexualidade no pós-estruturalismo;
- Performatividade e Teoria Ator-rede;
- A dimensão política dos não-humanos;
- Questões epistemológicas e metodológicas do pós-estruturalismo;
- Arqueologias e genealogias sobre formações discursivas;
- O discurso e as relações do sujeito com as verdades da Administração.
Produção de Subjetividade; Dispositivos de Subjetivação; Relações de Poder; Práticas discursivas; Formações discursivas
Letícia Dias Fantinel: (Programa de Pós-Graduação em Administração – PPGAdm / UFES - Universidade Federal do Espírito Santo)
Valderí de Castro Alcântara: (Centro de Pós-Grad e Pesquisas em Admin – CEPEAD / UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais)
Tiago Franca Barreto: (. / UPE - Universidade de Pernambuco)
As rupturas socioambientais que irrompem em nosso cotidiano revelam um planeta em profunda transformação, expressão de mais uma crise do capitalismo fóssil global, inseparável da lógica de acumulação que há séculos organiza a relação entre modos de existência em termos de dominação, exploração e extração em benefício de poucos. Eventos e processos enredados em sistemas de exploração que perpetuam a ficção de um excepcionalismo humano, enquanto aprofundam desigualdades socioambientais, consequências das histórias de poder e geopoder que definem o Antropoceno e suas ramificações (capitaloceno, plantationoceno, chthuluceno, necroceno etc).
Buscamos aglutinar pesquisadoras e pesquisadores com interesse em discutir o papel das organizações e da ação humana organizada como agentes de destruição da natureza e reivindicar a responsabilidade da Administração e dos Estudos Organizacionais nesse debate. Contudo, queremos também reunir pessoas interessadas, com suas pesquisas, em contar novas histórias, outras analíticas de existência, modos de coabitar este planeta entre nós e com os múltiplos seres com os quais compartilhamos um destino comum.
Esperamos agregar artigos que reflitam criticamente sobre o papel de atores e agentes na crise climática, socioambiental e socioeconômica; (in)segurança alimentar, hídrica e energética; interrelações entre saúde planetária e dinâmicas que ocasionam sofrimentos psicoemocionais; ecoansiedade e ecoesperança; formas alternativas de organização e de (auto)gestão, resiliência, resistência e (re)existência com naturezas e territórios (agroecologia, permacultura, cosmologias originárias, comunidades e povos tradicionais, bens comuns/commons, pós-extrativismo, etc); conflitos e justiça socioambiental; grandes projetos e efeitos socioambientais; dinâmicas socioterritoriais e ecologia política; perspectivas críticas sobre responsabilidade social, sustentabilidade, transição energética e ESG; catástrofes, desastres e crimes ambientais; ativismo socioambiental, riscos e alertas ambientais; direitos da natureza; debates teóricos, ontológicos e epistemológicos relacionados ao tema e outras perspectivas plurais. Por fim, o tema espera encorajar metodologias, epistemologias e práticas não convencionais para amplificar vozes e conhecimentos silenciados, especialmente do Sul Global.
Antropoceno; Organizações; Natureza; Conflitos; Não-humanos
Ana Sílvia Rocha Ipiranga: (Programa de Pós-Graduação em Administração/PPGA / Universidade Estadual do Ceará/UECE)
Eduardo André Teixeira Ayrosa: (Prog. de Pós-Grad. em Admin/Esc. de Ciências Sociais Aplicadas - PPGA/ECSA / UNIGRANRIO - Universidade do Grande Rio) - (Programa de Pós-Graduação em Administração - PPGA / UP - Universidade Positivo)
A pervasividade das práticas organizacionais e de processos de trabalho na vida do cidadão contemporâneo é tal que a vida-para-a-família e a vida-para-o-trabalho passaram a partilhar espaços físicos e, muitas vezes, afetivos. A reflexão sobre o organizar e o trabalhar nesses tempos clama por perspectivas que deem conta de tais confluências, e a psicanálise é uma destas perspectivas.
A aproximação entre os estudos organizacionais e a psicanálise tem uma história prolífica de mais de 60 anos de estudos. Essas aproximações, ao incluir a dimensão do inconsciente, fundamentam diferentes abordagens ao questionarem os fins gerenciais informados pela ética psicanalítica e pelo reconhecimento do sujeito. Este Tema de Interesse visa examinar essas questões ao sugerir a abordagem psicanalítica como um paradigma para o estudo das organizações e gestão. Diferentes tópicos, como os sugeridos, mas não limitados aos listados abaixo, são de interesse.
Psicanálise; Inconsciente; Organizações; Trabalho
Ana Paula Paes de Paula: (Centro de Pós-Grad e Pesquisas em Admin – CEPEAD / UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais)
ketlle duarte paes:
Raphael Schlickmann: (PPGAU / UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina)
O ambiente acadêmico nacional já assimilou a necessidade da reflexão sobre a produção do conhecimento científico a respeito das organizações e da prática administrativa. A epistemologia está inserida como disciplina específica, ou como tópico particular de discussão na maioria das grades curriculares dos Programas de Pós-Graduação em Administração. Epistemologia também é tema central de eventos científicos, como no caso do Colóquio Internacional de Epistemologia e Sociologia da Ciência da Administração, e diversas vezes já recebeu, por parte de periódicos da área, edições inteiramente dedicadas à sua discussão. No âmbito da ANPAD, o Tema foi criado em 2009, na Divisão de Ensino e Pesquisa em Administração e Contabilidade (EPQ), e, em 2010, na Divisão de Estudos Organizacionais (EOR). Enquanto estudo metódico e reflexivo do saber, de sua organização, de sua formação, de seu desenvolvimento, de seu funcionamento e de seus produtos, a epistemologia ocupa um lugar importantíssimo para o exame crítico de nosso próprio produzir ciências e saberes, auxiliando-nos, desta forma, na tomada de consciência crítica de nossa prática cotidiana.
Para a Divisão EOR, a proposta é que o tema seja dedicado à epistemologia nos estudos organizacionais e busque focalizar a reflexão sobre a produção de saberes e conhecimento científico dos fenômenos organizacionais e administrativos, como também discutir as condições sociais de produção desse conhecimento, sempre com o intuito de promover diálogos entre epistemologias e disciplinas. Com esses objetivos, o tema contempla as diversas abordagens epistêmicas (positivismo, funcionalismo, estruturalismo, institucionalismo, interpretativismo, teoria crítica, marxismo, pragmatismo, pós-estruturalismo, realismo crítico, pós-crítica, entre outras), a partir de contribuições de disciplinas como administração, sociologia, antropologia, filosofia, história, semiótica e psicanálise. Ontologia e metodologia podem ser abordadas, mas a partir da articulação dessas com as epistemologias, construindo-se princípios, argumentos, hipóteses, procedimentos, resultados, interpretações e práticas para analisar criticamente as diversas abordagens ou correntes epistemológicas.
Epistemologias em Estudos Organizacionais; Teorias em Estudos Organizacionais; Metodologias em Estudos Organizacionais; Campo científico e condições sociais de produção do conhecimento; Interdisciplinaridade
Janaynna de Moura Ferraz: (Programa de Pós-Graduação em Administração – PPGA / UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte) - (Prog de Pós-Grad em Serviço Social - PPGSS / UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte)
Deise Luiza da Silva Ferraz: (Centro de Pós-Grad e Pesquisas em Admin – CEPEAD / UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais)
Cleverson Ramom Carvalho Silva:
O tema pretende agregar pesquisadoras/es vinculadas/os às correntes clássicas e contemporâneas da ortodoxia e da heterodoxia dos marxismos e comprometidas/os com uma ciência radical. A tradição de estudos marxistas e suas vertentes têm sido determinantes para os enfrentamentos das lutas sociais ao longo dos últimos séculos, de modo que as agruras do capitalismo hodierno (crise climática, crescimento da desigualdade econômico-social, conflitos bélicos, ampliação da precarização do trabalho) demandam tal arsenal crítico, dado o seu potencial emancipatório, o que justifica sua atualidade e salienta sua relevância no campo. Vale ressaltar que a crítica marxista possui tradição na administração e nos estudos organizacionais brasileiros, destaquemos Tragtenberg, Prestes-Motta, Faria, Misoczky, Goulart e Paço-Cunha, autores e autoras que têm contribuído com a compreensão de fenômenos, tais como burocracia, alterações do processo de trabalho, resistências organizativas da classe trabalhadora, incluindo as próprias teorias organizacionais e da administração.
Neste tema, pretende-se receber trabalhos que investigam criticamente: i) o desenvolvimento das forças produtivas e/ou seus desdobramentos objetivos e subjetivos para a classe trabalhadora em termos de relações e condições de trabalho, de reprodução da vida humana e não-humana, da produção da saúde, das manifestações das múltiplas formas de opressões e as resistências por parte da classe trabalhadora em movimento; ii) a expansão do capital em suas distintas formas (produtivo, comercial, financeiro, especulativo) e as disputas intraclasse capitalista expressas em termos econômicos (independente de sua forma legal ou ilegal), culturais, políticos e de conflitos/guerras; iii) a conformação dos Estados como produto das lutas de classes materializados em formas de governo, políticas públicas e arcabouços jurídicos; iv) a obra de Marx e debates sobre o materialismo histórico.
Em suma, o tema visa congregar interessadas/os em apreender as contradições concretas da sociabilidade capitalista em suas formas diversas de existência.
Marxismo; Administração; Trabalho; Capital; Estado
Ana Flávia Rezende:
Josiane Barbosa Gouvêa:
Silvia Pereira de Castro Casa Nova: (Curso de Pós-Grad em Controlad e Contab/Facul de Economia, Admin e Contab – PPGCC/FEA / USP - Universidade de São Paulo) - (Mestrado em Ciências Contábeis / Universidade Federal do Mato Grosso do Sul)
Este tema busca discutir as desigualdades sociais no mundo do trabalho e nas organizações, bem como os privilégios de grupos hegemônicos, considerando eixos de opressão e exploração como raça, etnia, gênero, sexualidade e classe social. Privilegiamos estudos com perspectiva interseccional, que examinem como essas diferenças se traduzem em desigualdades e se articulam no ambiente de trabalho e nas organizações, resultando em mecanismos de exclusão, discriminação e privilégios. Esse debate tem ganhado relevância acadêmica e política, dado o crescente interesse em construir ambientes de trabalho, gestão e organizações mais democráticos e inclusivos.
Valorizamos pesquisas que explorem dinâmicas de poder, enfatizando a dimensão política das diferenças em termos ideológicos, sócio-históricos e culturais. A visão de trabalho abordada inclui discussões sobre o trabalho produtivo e reprodutivo, assim como sobre organizações públicas e privadas, associações, movimentos sociais e outras formas de organização social.
Convidamos estudos que abordem a construção e reprodução de desigualdades no trabalho, focando tanto em grupos historicamente marginalizados (mulheres, negros, indígenas, LGBTQIAPN+, pessoas com deficiência, etc.) quanto em grupos privilegiados (masculinidades, branquidades, cisgeneridades, etc.). O debate abrange análises de desigualdades no mercado de trabalho, em níveis nacional, regional e internacional, nas esferas macro, meso e micro. Também inclui a atuação de movimentos sociais e experiências organizacionais no enfrentamento das desigualdades.
Destacamos o interesse em pesquisas que utilizem variadas perspectivas onto-epistemológicas, teóricas e metodológicas, como debates decoloniais, contra-coloniais e afrocentrados, além de novas agendas de pesquisa. Encorajamos, ainda, a adoção de formas alternativas de expressão e escrita, como a escrevivência, a escrita corporificada e a artística, promovendo modos de escrita diferenciados, especialmente em consonância com a escrita feminista.
Diferenças; Desigualdades; Interseccionalidade; Organizações; Trabalho
ALESSANDRA DE SÁ MELLO DA COSTA: (Mestr e Dout em Admin de Empresas/IAG-A Esc de Negócios da PUC-Rio – IAG / PUC-Rio - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro)
Diego M. Coraiola: (Peter B. Gustavson School of Business / University of Victoria)
Ana Paula Medeiros Bauer: (Faculdade de Educação Tecnológica do Estado do Rio de Janeiro / FAETERJ) - (Mestr e Dout em Admin de Empresas/IAG-A Esc de Negócios da PUC-Rio – IAG / PUC-Rio - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro)
Assumindo uma abordagem histórico-temporal, o tema explora as relações políticas/sociais/culturais/econômicas/psicossociais estabelecidas entre sujeitos, organizações e sociedades. Convidamos trabalhos que explorem o sentido passado/presente/futuro para as organizações em uma perspectiva histórica ou temporal a partir de quaisquer paradigmas epistemológicos ou ontológicos. Entendemos as organizações de forma ampliada, contemplando empresas, mas também movimentos sociais, o cotidiano do trabalho, organizações familiares, ou educacionais; em suma, elas denotam processos, práticas e estruturas que definem o modo como diferentes grupos entendem e praticam o organizar no tempo e espaço.
São bem-vindos estudos que:
- Compreendam as organizações e o organizar no tempo e a forma como passado, presente e futuro se manifestam e são utilizados por diferentes atores sociais na construção da realidade histórica, cotidiana e futura.
- Analisem a presença e vivacidade do passado na forma de tradições, rituais e artefatos tais como fontes e acervos/arquivos históricos, bem como o futuro que se faz presente na forma de utopias, ficções e prognósticos que mobilizam atenção e recursos, contribuem para ampliar a compreensão de fenômenos organizacionais e sua articulação com as esferas social, política, econômica, cultural e ético-moral.
- Estimulem debates sobre pesquisa histórica a partir da utilização de métodos históricos, tais como: pesquisa em arquivos, métodos biográficos, história de vida, estudo de caso histórico, história oral, ANTi-history e rethorical history.
- Utilizem abordagens críticas ao estudo do passado para discussões sobre versões históricas já estabelecidas na história e memória oficial das organizações e das sociedades. Trata-se da busca por uma compreensão mais reflexiva acerca de lugares privilegiados de produção de conhecimento - arquivos históricos - e suas lógicas de exclusão e silenciamento em contraposição às formas de arquivar as dissidências.
- Destaquem a experiência das pessoas e organizações no tempo e no espaço e as representações dos sujeitos sobre o passado, presente e futuro.
Tempo; História; Memória; Representacões; Passado/Presente/Futuro
Ilan Avrichir: (Programa de Pós-Graduação em Administração - PPGA / ESPM - Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo - Associação Escola Superior de Propaganda e Marketing)
Gustavo Matarazzo Rezende: (Instituto Federal de São Paulo / Instituto Federal de São Paulo)
Marcel Azevedo Batista D'Alexandria: (TERPI. Grupo de Pesquisa Território, Patrimônio e Propriedade Intelectual / UFBA - Universidade Federal da Bahia)
Em 1990, Elinor Ostrom ganhou o Nobel de economia, demonstrando que bens de uso coletivo podiam ser geridos de forma cooperativa, evitando o esgotamento dos recursos por causa do uso não controlado. De lá pra cá, a pesquisa se expandiu, de forma a incluir bens imateriais, como o conhecimento, software livre e dados. O conceito reflete um paradigma de compartilhamento e colaboração, com foco em questões de acessibilidade e inclusividade, e em criar e manter bens públicos, fora do controle exclusivo de corporações ou do Estado. O conceito atual de "comuns", não é mais necessariamente “bens comuns”, daí o parênteses do título. Enfatiza a governança coletiva e horizontal e tem uma dimensão abstrata e global, abrangendo tanto bens tangíveis quanto intangíveis. Nesse tema, estamos interessados em aspectos da governança e organização dos comuns, mas também em debates sobre as dimensões éticas e normativas deles (Murillo et al, 2024), na crítica à mercantilização implícita nos arranjos de governança dos comuns (Peredo e McLean, 2020) e nos impactos ambientais, socioeconômicos e institucionais deles. Estamos interessados em entender quais condições internas (liderança, cooperação entre atores, incentivos materiais) e externas (instituições, apoios políticos, contexto econômico, redes de relacionamento) influenciam e são influenciados por eles. Os comuns abrangem do fomento de hortas comunitárias à conservação da atmosfera, passando pela preservação de recursos hídricos e patrimônios culturais de grupos humanos, recuperação de espaços degradados, criação de cooperativas e condomínios habitacionais, entre outros. Um tipo de comum são as indicações geográficas, regiões que adquirem o direito de usar o seu nome na comercialização de produtos, como o Queijo Canastra. O estudo das IGs e de outros comuns oferece oportunidades de pesquisa quanto mais contribuir para o desenvolvimento de teorias sobre o engajamento de stakeholders, capital social e cultural etc. na governança e organização dos (bens) comuns.
Organização dos e para os Comuns; Gestão de recursos compartilhados; Governança coletiva; Desmercantilização da vida; Ética dos Comuns
Wescley Silva Xavier: (Programa de Pós-Graduação em Administração - PPGAdm / UFV - Universidade Federal de Viçosa)
Carlos Cesar de Oliveira Lacerda: (PPGA-UECE / Universidade Estadual do Ceará - UECE)
Luiza Farnese Lana Sarayed-Din: (Depto Geografia/ IGC / UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais)
O campo dos Estudos Organizacionais sempre se mostrou aberto a diferentes abordagens teóricas, epistêmicas e metodológicas. Seu caráter plural se deve fortemente à interface com outras áreas do conhecimento, que historicamente o alimentam das mais diversas formas, como a história, a geografia, a psicologia, a filosofia, a antropologia, a sociologia, as ciências políticas, a economia, a arquitetura e outros. Dentre os fenômenos estudados, as cidades têm sido tomadas como loci de estudos diversos que exploram suas complexidades, multiplicidades de processos sociais e territorialidades. As cidades, como espaços onde diferentes grupos urbanos se atravessam, são territorializadas por meio das disputas, apropriações, práticas cotidianas, relações de poder e ocupações que ali se dão. E a lente dos estudos organizacionais nos possibilita uma nova compreensão dessas dinâmicas sociais urbanas em seu entrelaçamento com a materialidade do espaço urbano. Para darmos continuidade a esta aproximação tão fortuita entre os Estudos Organizacionais e as Cidades, nossa proposta busca abarcar trabalhos teóricos e teórico-empíricos que se debrucem sobre as cidades e suas contradições, comumente presentes em temas como formações culturais nas e das cidades, o uso da história referente ao organizar das cidades, relação entre Estado e sociedade e seus desdobramentos urbanos, processos gentrificacionais, informalidade, dinâmicas simbólicas, os espaços monumentais, de resistências e ordinários, bordas, margens urbanas e periferias, segregação social e racial, diásporas, movimentos migratórios, mobilidade urbana, festas, processos territoriais e identitários relacionados ao espaço e as implicações que essas questões têm para os processos do significado, do tempo e da história, dentre outros. Ricas também são as abordagens estimuladas nessa proposta, na qual são bem-vindos trabalhos de abordagens quantitativas e qualitativas, de matrizes hermenêuticas, positivistas e críticas, que busquem olhar para o passado, o presente e o futuro das cidades.
Cidades; Territorialidades; Dinâmicas Urbanas; Espaço Urbano; Processos Territoriais
Elisângela Prado Furtado: (Prog de MestrProf em Admin: Gestão Contemporânea das Organizações / FDC - Fundação Dom Cabral)
Maíra Neiva Gomes: (Centro de Pós-Grad e Pesquisas em Admin – CEPEAD / UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais)
A singularidade do Século XXI pode ser ressaltada por óticas amplamente distintas. Dentre elas, a de como os grupos sociais se organizam e como denominam seu curso histórico é relevante por seu vínculo com alguns dos temas considerados grandes desafios da sociedade contemporânea. O aprofundamento da desigualdade, os conflitos sociais, a intolerância às diferenças humanas e a persistência da limpeza étnica como modelo de organização civilizatória são ideias que convivem no mesmo período histórico no qual que se reivindica o ápice do desenvolvimento tecnológico.
Ao traçar um paralelo entre a Administração Tradicional e a Renovada, Aktouf (1996) expõe questões que desestabilizam a ideia de desenvolvimento, como a conciliação universal de interesses e necessidades. Essa leitura comparece como resultado da análise da Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Social realizada em Copenhague. Neste evento sem precedentes, o tema desenvolvimento social e bem-estar humano foi considerado alta prioridade para o século XXI. Todavia, a pauta se consolidou em meio a uma série de contradições.
A ambiguidade em torno do conceito de desenvolvimento social deriva da necessidade de sua contextualização sócio-cultural-política-histórica. Questões adjacentes são, por exemplo, que desenvolvimento social é possível considerando-se as diferenças humanas (geracionais, étnicas, gênero, sexo, religiosas, regionais, linguísticas para citar algumas)? Como o conceito de sustentabilidade pode ser ressignificado para promover inclusão social e econômica? Quais as interfaces entre o conceito de desenvolvimento social e a iniciativa privada, governo e o terceiro setor? Quais são as possibilidades organizacionais para a construção do conceito de desenvolvimento social, capaz de contemplar bem-estar, crescimento econômico, redução das desigualdades, preconceitos, violência e a sustentabilidade?
Espera-se que os estudos revelem os entraves e as potencialidades para a construção do desenvolvimento social possível, por meio da exploração das práticas organizacionais, das ações coletivas, das tecnologias sociais e do empreendedorismo social.
Desenvolvimento Social; Sustentabilidade; Inclusão Social; Diferenças Sociais; Desigualdades
Gabriel Farias Alves Correia: (Instituto de Ciências da Sociedade - ICM / UFF - Universidade Federal Fluminense)
Elisa Yoshie Ichikawa: (Programa de Pós-Graduação em Administração - PPA / UEM - Universidade Estadual de Maringá)
Luciano Mendes: (Prog de Pós-Grad em Admin/Esc Sup de Agricultura “Luiz de Queiroz” - PPGA/ESALQ / USP - Universidade de São Paulo)
O objetivo deste grupo temático é reunir, articular, fomentar e visibilizar resultados de pesquisas que articulem as práticas organizativas dedicadas a contrapor, desestabilizar, romper e/ou abrir brechas e fissuras nos modos de trabalho neoliberal. Para tanto, incentivamos artigos sobre outros modos de ser e organizar, que escapam, escorregam e invertem os jogos dados (Lazzarato, 2014; Foucault, 2017) e que tratem dos modos de saber e fazer populares, incluindo seus sabores, artes, festas, feiras, economias informais, populares, solidárias e/ou subterrâneas e das práticas de comercializar, negociar, vivenciar, experienciar, rememorar, narrar e recordar a vida cotidiana dos mais diversos grupos que compõem a sociedade. Desta maneira, propomos discussões de estudos que articulem, de alguma forma, uma resistência à sujeição neoliberal e à homogeneização dos saberes, discutindo culturas e práticas que desidratem a pragmática do utilitarismo do sistema capitalista.
Propomos que os textos direcionados a este tema reflitam sobre aquilo que é popular e pequeno do ponto de vista histórico, e sobre os movimentos vinculados a uma literatura menor (Deleuze & Guattari, 1978). Ao se fazer com o que se tem, o uso do popular reivindica um distinto funcionamento das hierarquias de saber e poder (Certeau, 2012), apresentando possibilidades de produção e organização em locais distintos dos já consolidados, como as praças, ruas, becos e vielas das cidades. Ainda esperamos estudos que tratem dos diversos marginais do sucesso, dos afetos que compõem a cultura popular, das fontes “menos confiáveis” e suas histórias “desinteressantes” e “desimportantes” para o mainstream, dos sujeitos, saberes e sabores invisibilizados, que constituem múltiplas possibilidades de desestabilizar os saberes gerenciais totalizantes institucionalizados e o status quo. Nesse cenário, como indicado por Pelbart (2000, 2003, 2016), mapear outros modos de existir torna-se um projeto relevante, destacando multiplicidades que não permitem ser englobadas pelos maquinários totalizantes do poder.
Modos de existência; Práticas organizativas; Resistência; Popular; Cotidiano
Raphael Jonathas da Costa Lima: (Mestr Prof em Admin/Prog de Pós-Grad em Admin - MPA/PPGA / UFF - Universidade Federal Fluminense)
Francielli Martins Borges Ladeira: (Programa de Pós-Graduação em Administração - PPA / UEM - Universidade Estadual de Maringá)
Mário Sacomano Neto: (Programa de Pós-Graduação em Administração e Sociedade - PPGASo / Universidade Federal de São Carlos - UFSCar)
Diferentes mercados e seus processos, tais como competição, cooperação, risco, avaliação e valoração, impactam as organizações, suas estratégias, estruturas e governança. Poder, política, moralidade, as leis e interesses também são aspectos relevantes para a compreensão da construção de mercados e de como as organizações nele se relacionam. Além disso, a diversidade institucional é influenciada fortemente por agentes econômicos. Tomando esses fenômenos em consideração, a Sociologia Econômica é uma das áreas que mais tem contribuído e ainda apresenta grande potencial para estimular novas teorizações no campo de Estudos Organizacionais. Esse ramo da sociologia tem ampliado o entendimento da ação econômica, principalmente ao transpor os pressupostos racionalistas da Teoria Econômica Tradicional e privilegiar aspectos culturais, sociais, cognitivos e políticos na dinâmica dos mercados e das organizações. Entendemos que o caráter distintivo da Sociologia Econômica, entre tantas outras teorias em Estudos Organizacionais, é a concepção de ação econômica imersa (embedded) socialmente e a sua relação com mercados, organizações e instituições. Portanto, tendo como objetivo o aprofundamento do conhecimento na área de Estudos Organizacionais acerca da relação entre Mercados, Organizações e Instituições, destacamos que são bem-vindos nesse tema trabalhos teórico-empíricos e ensaios de várias perspectivas teóricas, tais como: Sociologia Econômica, Sociologia dos Mercados, Economia Política, Socio-Economia, Nova Economia Institucional, Teoria Institucional, Análise Institucional Comparativa, Teoria dos Campos, Análise de Redes Sociais e Ciência Política. O tema está aberto a trabalhos de natureza tanto qualitativa quanto quantitativa.
Mercados; Teoria Institucional; Sociologia Econômica; Imersão Social; Ação Econômica