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Países Lusófonos Aprofundam Debate sobre Administração Pública durante Evento Virtual

Edição de Janeiro – Março de 2022 | Volume 2, Número 1

A 9ª edição do Encontro de Administração Pública (EnAPG)  da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (ANPAD), a ser realizada nos dias 30 de maio a 1º de junho de 2022, traz uma novidade importante para o estreitamento dos laços entre as comunidades da área de administração pública do Brasil e dos países lusófonos. Desta vez, a Divisão Acadêmica de Administração Pública (APB) da ANPAD, em parceria com o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade de Lisboa e com o Fórum Lusófono de Administração e Gestão, vai realizar o evento conjunto IX Encontro de Administração Pública (EnAPG 2022) e VI Congresso Lusófono de Gestão de Recursos Humanos e Administração Pública. 

A parceria é inédita, mas ambos os eventos já acontecem em seus respectivos países há muitos anos. O EnAPG tem como objetivo debater e aprofundar temas variados da área de administração pública, com a preocupação de atualizar as discussões tanto academicamente como em suas práticas. Funciona também como espaço de intercâmbio entre pesquisadores e agentes públicos nos mais variados estágios, desde os mais experientes até os iniciantes que têm se engajado em pesquisas sobre a temática em suas instituições. 

Os temas desta edição de 2022 incluem: relações entre Estado e sociedade civil; Estado, organizações e gestão pública: reformas e modernização; administração pública, participação e democracia: perspectivas a partir do Estado e da governança pública; planejamento governamental, finanças públicas e controle no setor público; gestão de organizações públicas: funções gerenciais e áreas funcionais; organizações e gestão de serviços públicos; casos e aplicações de políticas públicas: tradição de policy orientation; federalismo e relações intergovernamentais no Brasil; governos locais no Brasil: desafios e perspectivas municipais da autonomia e descentralização; desenvolvimento regional, capital social e gestão pública local; análise de política pública e desigualdades; administração pública, políticas públicas e relações raciais no Brasil; stakeholders na administração pública; inovação no setor público; empreendedorismo no setor público; interfaces teóricas e empíricas entre gestão pública e gestão social; ontologias, epistemologias, teorias e metodologias em administração pública; história, memória e estudos comparados em administração pública; administração política brasileira: pensamento e práticas; Estado, governança global e organizações supranacionais: gestão e políticas públicas no plano internacional. Desta vez, também com o novo tema VI Congresso Lusófono de Gestão de Recursos Humanos e Administração Pública. 

O Fórum Lusófono de Administração e Gestão tem por objetivo reunir acadêmicos e profissionais de países lusófonos para discutir questões ligadas à administração e gestão, formando redes de investigação e de troca de conhecimentos e práticas. Outro objetivo é contribuir para o desenho e a implementação de políticas públicas que melhorem a qualidade da administração e da gestão nos países de língua portuguesa. “O Fórum tem congregado a comunidade lusófona de investigadores e profissionais em administração e gestão e dinamizado um espaço de discussão visando a construir um estilo lusófono de administração e gestão, respeitando as diferenças culturais e criando sinergia entre as similaridades, bem como pretende contribuir para as políticas públicas associadas ao tema nos países de língua portuguesa”, relata Sónia P. Gonçalves, coordenadora adjunta da Unidade de Coordenação de Gestão e Políticas de Recursos Humanos no ISCSP-Ulisboa e Coordenadora Executiva do Congresso Lusófono de Gestão de Recursos Humanos e Administração Pública.  

Para Gonçalves, o Congresso Lusófono foi um dos caminhos que o Fórum encontrou para dar continuidade à sua missão de discussão de várias vertentes e perspectivas da administração e da gestão que estimulam potencialmente o desenvolvimento de pessoas e organizações. Assim, tem fomentado a pesquisa de temas relacionados com a gestão de recursos humanos e a administração pública nos países de língua portuguesa. 

Alguns temas vêm se destacando nas discussões promovidas pelo Congresso Lusófono. Entre eles, estão: comportamento organizacional; descentralização, mobilidade e ordenamento do território; empreendedorismo e inovação; envelhecimento: desafios e oportunidades para gestão das pessoas; gestão de recursos humanos no serviço público; governação e políticas públicas de saúde; governação pública e reforma administrativa; governança digital; liderança e governance; políticas de desenvolvimento de recursos humanos; políticas de inovação na administração pública; e saúde e bem-estar no trabalho. 

O 1º Congresso Lusófono foi realizado em 2011, no ISCSP em Lisboa, enquanto o 2º ocorreu em Sete Lagoas, no Brasil, o 3º em Maputo, Moçambique, o 4º em São Paulo, Brasil, e o 5º em Lisboa. Este ano, retorna ao Brasil. O formato on-line do evento, sem dúvida, oportuniza ainda mais a aproximação entre os pesquisadores lusófonos que debaterão 21 temas relacionados à administração pública e à gestão de recursos humanos. 

Para Armindo Teodósio, coordenador da Divisão de APB, “a aproximação e parceria com o Congresso Lusófono e toda a comunidade de colegas pesquisadores de língua portuguesa representa o aprofundamento da internacionalização da pesquisa sobre administração pública no Brasil, em novas bases e em princípios horizontais. Resgata uma trajetória histórica e laços de pertencimento que nos aproximam da comunidade falante do português, ao mesmo tempo que nos instiga a pensarmos aproximações e distanciamentos entre a gestão pública em cada um desses países. É uma parceria promissora e que se espera seja duradoura”. 

João Ricardo Catarino, coordenador do Departamento de Administração Pública do ISCSP, ligado desde o início a este projeto, reputa este evento da maior importância não apenas para a internacionalização das atividades de investigação de todos os docentes e entidades envolvidas, como para aproximar perspectivas de investigação entre os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Por outro lado, argumenta que o Congresso coloca em contato investigadores de todas as partes, e tem, por isso, a capacidade de potenciar contatos, reforçar redes e parceria com vista ao incremento da produção científica de referência. Ele permite, ainda, a partilha de experiências, casos práticos, movimentos reformistas e outras soluções adotadas nos diferentes países, tendo em conta a similitude de modelos de administração pública entre eles implementados, conforme complementa Catarino. 

A expectativa de Fernanda Nogueira, coordenadora da Unidade de Coordenação de Gestão e Políticas de Recursos Humanos no ISCSP-ULisboa e uma das fundadoras do Fórum, é que a parceria formada este ano permita potenciar os vetores da administração e da gestão nos domínios públicos e privados e nos contextos político, econômico, científico, social e cultural. Em sua visão, outras iniciativas podem intensificar ainda mais a parceria da ANPAD com o Fórum Lusófono, como ações de sensibilização da sociedade e organizações dos países da CPLP quanto à importância da administração e gestão e do papel das entidades que planejam, executam e estudam políticas de administração e gestão; estudos sobre administração e gestão, com particular ênfase para os que, com enfoque estratégico, respeitem aos países da CPLP; intercâmbio de informação, de metodologias e articulação no estudo dos temas de administração e gestão importantes para os países da CPLP; e organização de seminários, conferências, workshops e outras ações de estudo, divulgação e partilha de conhecimento sobre os assuntos da administração e gestão. 

Para Sónia P. Gonçalves, “o Congresso Lusófono de Gestão de Recursos Humanos e Administração Pública continuará a ser uma das ferramentas cruciais como espaço de embrião de sinergias para projetos lusófonos”. A perspectiva futura é que a parceria entre o IX Encontro de Administração Pública (EnAPG 2022) e o VI Congresso Lusófono de Gestão de Recursos Humanos e Administração Pública mantenha um canal de comunicação científica e de práticas de atuação entre todos os países da lusofonia.  

É o que também almeja Alketa Peci, presidente da ANPAD, afinal, “a parceria possibilita promover fóruns de debate mais diversificados, estimular a criação de redes de pesquisa internacionais e promover agendas de pesquisa colaborativa em torno de temas de interesse comuns da comunidade brasileira e lusófona”. 

 

Suylan Midlej é Professora Adjunta do Departamento de Gestão de Políticas Públicas da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Gestão de Políticas Públicas da Universidade de Brasília (GPP/FACE/UnB); Professora do Programa de Pós-graduação em Administração (PPGA/UnB) e do Mestrado Profissional em Administração Pública (MPA/UnB); Integrante do Comitê Científico da Divisão de Administração Pública (APB) da ANPAD; e Líder do grupo de pesquisa Estado e Sociedade no Combate à Corrupção (GESOCC). Sónia P. Gonçalvesé Coordenadora Adjunta da Unidade de Coordenação de Gestão e Políticas de Recursos Humanos no ISCSP da Universidade de Lisboa; Investigadora do Centro de Administração e Políticas Públicas (CAPP/ISCSP-ULisboa); e Coordenadora Executiva do Congresso Lusófono de Gestão de Recursos Humanos e Administração Pública. 

Publicado por em 06/11/2022 às 12:15