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Recentemente, entre outubro de 2021 e janeiro de 2022, a ANPAD promoveu mudanças nas regras e na periodicidade de definição dos temas de seus eventos com o objetivo de deixar o processo mais estruturado, previsível e transparente para toda a comunidade. As mudanças valem tanto para os eventos divisionais como para o EnANPAD. As novas definições ocorreram após um exaustivo e democrático debate entre a diretoria científica e o conjunto dos coordenadores das 11 divisões acadêmicas da ANPAD, com apoio dos membros dos respectivos comitês científicos, ouvindo ainda líderes de temas.
A partir de agora, o regramento e a definição de temas possuem validade de três anos. A chamada de temas atual valerá de 2022 até 2024. Tal mudança permite à comunidade melhor planejamento de suas submissões, associadas às pesquisas desenvolvidas. Esta previsibilidade possibilita ainda que os pesquisadores possam desenvolver seus trabalhos certos de que encontrarão um espaço adequado de debate e profusão de ideias, um ponto de destacada importância nos eventos acadêmicos, bem como uma ação fundamental para o aprimoramento dos trabalhos que, normalmente, seguem para submissão/publicação em periódicos. Com isso, a ANPAD espera contribuir no desenvolvimento de papers daqueles que participam de seus eventos, dado que tais produções passarão pelo processo de submissão em periódicos já tendo sido objeto de análise de pares, o que possibilita torná-los mais competitivos ao serem submetidos já com uma análise prévia de experts no tema.
Ao mesmo tempo, o período de três anos não nos parece longo o suficiente para que possa comprometer o dinamismo natural que se espera em cada divisão. A despeito desta validade trienal, nada impede que temas possam continuar em períodos posteriores. A partir de uma análise da coordenação de área e do comitê científico, bem como do interesse da comunidade, é possível, e muitas vezes salutar, que temas perpassem mais de um triênio. Ao mesmo tempo, esta configuração estimula a submissão de temas emergentes que oxigenam as áreas e refletem os novos interesses dos pesquisadores e as novas demandas do mercado e da sociedade. O regramento permite ainda que a coordenação de área, em conjunto com o comitê científico, promova a descontinuidade de um tema se for entendido que ele não alcançou o interesse esperado da comunidade. É bom destacar que todas as escolhas de temas, descontinuidades e possíveis mudanças necessitam da aprovação final da diretoria científica da ANPAD.
Em relação às regras de submissão, os temas deverão ser liderados por dois ou três acadêmicos, devidamente cadastrados no iANPAD e filiados à ANPAD na categoria individual ou vinculados a um programa de pós-graduação (PPG) associado, regra não aplicada a pesquisadores vinculados a instituições estrangeiras. Dentre os líderes de tema, pelo menos dois deverão ocupar a função de docente em um PPG, sendo que ao menos um deles deve ser vinculado a um PPG associado como membro efetivo da ANPAD. Todos os proponentes devem ser vinculados a diferentes instituições de ensino superior (IES), preferencialmente de distintos estados da Federação. Nenhum proponente poderá participar de mais de uma submissão/liderança, mesmo que de divisões acadêmicas distintas. Espera-se ainda que os pesquisadores tenham, no mínimo, três anos de doutoramento. Incentiva-se ainda a participação de pesquisadores vinculados a instituições do exterior como um meio de ampliar o esforço de internacionalização que vem sendo desenvolvido pela ANPAD. Ficou ainda proibida a participação de pesquisadores nas lideranças que ocupem posições na diretoria da ANPAD ou que façam parte dos comitês científicos ou, ainda, que atuem como coordenadores de área.
“Não obstante as vantagens de todas estas modificações, a comunidade deve permanecer atenta ao longo deste triênio e indicar possíveis entraves, dificuldades ou incoerências que venham a emergir. Vivemos em um momento de intensas mudanças, com amplas dificuldades de gestão associadas a tal dinamismo. Assim, a experiência dos eventos vindouros será muito útil para subsidiar modificações futuras que, certamente, serão necessárias diante de uma perspectiva de aprimoramento constante.”
A chamada que definiu tais regras ainda apresenta um perfil mínimo e uma série de responsabilidades dos líderes. Igualmente, subsidia o papel dos comitês científicos e dos coordenadores de áreas neste processo. São também estabelecidas regras de formato das submissões e o rito de avaliação e seleção das propostas, que deverão ser submetidas nos idiomas português e inglês. Dentre outros critérios, serão observadas: a pertinência do tema e sua relação com a respectiva divisão acadêmica; a conexão temática e a relação de proximidade com submissões concorrentes; e a experiência dos candidatos a líderes.
Estas regras significam vantagens para toda a comunidade, a destacar, a potencial eficiência do processo no qual todos os envolvidos têm ao seu alcance um conjunto estruturado de regras que facilita todas as ações envolvidas no planejamento, no estabelecimento de parcerias e na efetiva submissão e avaliação temática. Ainda, tais modificações têm a vantagem de tornar o processo mais transparente para toda a comunidade, com todas as externalidades positivas que isto significa. Aliás, transparência esta que tem sido demandada pela comunidade.
Não obstante as vantagens de todas estas modificações, a comunidade deve permanecer atenta ao longo deste triênio e indicar possíveis entraves, dificuldades ou incoerências que venham a emergir. Vivemos em um momento de intensas mudanças, com amplas dificuldades de gestão associadas a tal dinamismo. Assim, a experiência dos eventos vindouros será muito útil para subsidiar modificações futuras que, certamente, serão necessárias diante de uma perspectiva de aprimoramento constante.
Todos estamos sendo afetados pela necessária implantação de eventos virtuais, o que demandou da diretoria da ANPAD, e de todos nós, grandes adaptações. Nem sempre tais mudanças são bem compreendidas, mas podemos dizer que foram realizadas com êxito, como indicaram as pesquisas de satisfação realizadas pela diretoria entre os congressistas, a despeito da preferência de vários por eventos físicos e de pequenos inconvenientes técnicos ocorridos, até esperados diante do momento de aprendizado.
Enfim, todas as mudanças foram realizadas dentro de uma perspectiva de aprimoramento, coletividade, bem comum e amplo espaço para difusão e debate das ideias, como preconiza o exercício da democracia, o que naturalmente também envolveu discordâncias, mas que, ao final, representou a visão da ampla maioria dos envolvidos.
A diretoria da ANPAD e o conjunto de coordenadores de área e de comitês científicos esperam que tais modificações signifiquem ganhos para a comunidade. Assim, a ANPAD continuará exercendo o seu papel social de congregar um amplo escopo de pesquisadores em seu campo de atuação para continuar impactando positivamente a comunidade científica em particular e a sociedade em geral. Esperamos que com estas mudanças a comunidade se sinta estimulada a submeter propostas, fortalecendo ainda mais a ANPAD.
O Prof. Henrique Muzzio (PROPAD/UFPE) é Coordenador da Divisão Acadêmica de Ensino e Pesquisa em Administração e Contabilidade